Um estudo recente da Mintel (2025) aponta que 57% dos consumidores brasileiros buscam ativamente opções que promovam a saúde digestiva. Isso não é um desejo vago; é uma demanda de mercado específica e mensurável.
A prateleira tradicional de refrigerantes e sucos não atende mais esse consumidor informado. Ele lê rótulos. Ele compara ingredientes. A busca é por eficiência nutricional, não apenas por sabor. Uma análise de tendências de consumo nos últimos 30 anos confirma: a mudança de "sabor" para "função" é estrutural.
Este artigo analisa os 3 pilares mensuráveis que definem a ascensão das bebidas funcionais. Vamos detalhar os dados de mercado, os ingredientes-chave (fibras e proteínas) e o impacto real desta transformação na indústria.
Guaraná Antartica ganha versão com fibras com foco no wellness
O Fator Digestivo: A Demanda Explícita por Fibras
A principal dor do consumidor moderno é o desconforto digestivo, impulsionado por rotinas de alimentação rápidas e processadas. A indústria de bebidas demorou a responder, mas agora age com precisão cirúrgica. A adição de fibras prebióticas é a resposta direta à estatística dos 57% citada pela Mintel.
Exemplo Prático: O recente lançamento do Guaraná Antarctica Zero com Fibras. O produto entrega 4,4g de fibras (polidextrose) por unidade. Ele foi formulado especificamente para atingir o consumidor que busca conveniência.
O benefício tangível é claro: auxiliar na ingestão diária de fibras (Recomendação: 25g/dia) em um formato acessível. Isto otimiza a rotina. O consumidor resolve uma deficiência nutricional comum sem alterar drasticamente seus hábitos.
A maioria dos brasileiros consome menos de 20g de fibras por dia.
Fibras solúveis, como a inulina ou polidextrose, servem como substrato para a microbiota intestinal.
A busca por saúde digestiva supera, em algumas demografias, a busca por perda de peso.
Microtarefa Acionável: Verifique o rótulo de três bebidas em sua geladeira. Quantos gramas de fibra elas oferecem? O resultado mais provável é zero. Isso ilustra a lacuna que o mercado funcional está preenchendo.
Além da Energia: A Ascensão da Proteína Líquida
O segundo pilar desta tendência é a performance e a saciedade. O mercado de nutrição esportiva, antes restrito a atletas, expandiu-se para o consumidor casual. Este consumidor busca manter a massa muscular e controlar o apetite durante o dia.
Exemplo Prático: A reformulação de energéticos, como o Fusion com Proteínas. A fórmula entrega 10g de proteína (isolada) sem adição de açúcares ou carboidratos. Ele compete diretamente com shakes prontos (RTDs - Ready to Drink).
O apelo principal é a "energia sustentada". Diferente de picos glicêmicos causados por energéticos tradicionais, a proteína oferece saciedade metabólica. É uma ferramenta funcional para recuperação pós-exercício leve ou como um lanche líquido que estabiliza a glicemia.
Microtarefa Acionável: Analise seu consumo de snacks entre 15h e 17h. Frequentemente é um carboidrato simples? Compare a resposta de saciedade de uma bebida proteica versus um snack tradicional na sua próxima pausa.
O Veredito do Mercado: Crescimento Mensurável
Esta tendência não é uma percepção; é matemática. Decisões de investimento em larga escala, como as vistas na Ambev, são baseadas em projeções robustas, não em intuição. A "funcionalização" de marcas tradicionais é uma estratégia defensiva e de expansão.
O objetivo é claro: reposicionar produtos de massa (como guaraná) para um público que abandonou a categoria de refrigerantes por questões de saúde. Eles não vendem mais um refrigerante; vendem um veículo de entrega de fibras.
Dado Científico (Mercado): A Euromonitor International (2025) projeta um crescimento de 119% no mercado brasileiro de bebidas funcionais até 2028.
Isso representa um volume financeiro que deve atingir R$ 9,5 bilhões.
O crescimento é impulsionado por RTDs de proteína e bebidas com benefícios intestinais.
Para o consumidor cético, isso significa três coisas: mais opções, preços progressivamente mais competitivos e maior inovação em ingredientes. A era da bebida "passiva", que apenas hidrata, está terminando.
A inclusão de fibras e proteínas em bebidas de consumo massivo solidifica uma nova categoria. O consumidor não compra mais apenas sabor ou status; ele investe em funcionalidade comprovada. A prateleira se tornou um painel de soluções nutricionais.
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#1 - A gente busca perfeição até na comida.
Mas a verdade é: não dá pra ter tudo. E tá tudo bem.
A gente quer um produto sem açúcar.
Sem glúten.
Baixo em carboidrato.
Alto em proteína.
Com sabor bom, textura perfeita, ingredientes naturais e um rótulo impecável.
Só que ninguém te conta que isso simplesmente não existe.⠀
Quanto mais restrições um produto tem, mais trabalho dá pra fazer ele funcionar. Especialmente em produtos complexos, como pães, bolos, biscoitos e doces como um doce de leite, um brigadeiro, uma barra de proteína, etc. Tirar açúcar, gordura, glúten, não é só cortar. É como derrubar a casa de tijolo e reconstruir com outros materiais.
E pra isso, outros ingredientes entram: fibras, adoçantes, gomas… ingredientes que equilibram sabor, textura, validade adequada. O rótulo cresce. E tá tudo bem.
A pergunta certa não é: “por que tem tanto ingrediente?”
É: **o que foi preciso fazer pra esse produto existir com menos do que você quer evitar?
Se você não sabe, calma. Eu estou aqui para te ensinar, para entender o que você come.**
E lembrando: Produto perfeito não existe. Produto coerente, sim.
Você precisa consumir o que faz sentido para você, para sua rotina, para sua realidade, para sua saúde e, lembrando que fazer escolhas exige abrir mão de outras.
Eu sou Marina Carli, apaixonada pelo mundo da alimentação saudável e bem estar. Sou Engenheira de Alimentos e consultora em desenvolvimento de produtos e rotulagem para marcas de alimentação saudável.
Transformo ideias em produtos incríveis, prontos para conquistar o mercado (aliás, alguns dos meus clientes já foram para a box da Experimentaí). E estarei aqui semanalmente, te mostrando o que ninguém te conta: os bastidores reais de tudo que você consome.